POESÓ

TUDO PODE VIRAR PÓ
OU
POEMA





















sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Route 66 - Diana Krall

Rota 66

apenas rumores
nada mais
Rumores dos amores e dissabores
que eu vivi
Eu que tive muitas rotas para escolher
e ainda outras as tenho
mas já não me empenho como antes
em encontrar novos amigos
novas experiências
novos passantes
Hoje ao passar dos anos
implacável decadência
quando os planos se desbotam
e corroídos denotam ultrapassagens
rugas fugas saliências
me embrenho no território fantástico
dos sonhos
Às vezes, muitas vezes tolas vozes
é melhor fechar os olhos
tapar os ouvidos
e acordar quem sabe
num dia qualquer de 66
e percorrer caminhos
dentro de uma Corvette vermelha
e tentar descobrir pelo retrovisor
se ainda o mundo espelha
um futuro promissor
O que você sabe de mim
se os meus caminhos
não têm início meio ou fim
se os meus caminhos
são trilhas inconscientes
que o presente traça
então faça uma reflexão
o que você sabe de mim
se não que eu ainda te amo tanto.
 
Carlos Gutierrez

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Sublime Baby Blue

Oh! Sublime Baby Blue
Tão sublime
que me permite sonhar
em versos
que me refaz no universo
dos seus encantos
Oh! Baby Blue
tão sublime
que me permite contemplar
as suas múltiplas faces
e todo o degradé azul
onde flutuam no céu
os meus sonhos
em serenas nuvens
Oh! Baby Blue
tão sublime
que perdoa os meus deslizes
porque ela sabe
que são provocados
por tempestades de lágrimas de saudade
e jamais despreza todo o amor
que eu a dedico
Ela é tão sublime
com ela nada me deprime
nada se torna impossível
tudo é inspirador
tudo conspira a favor
mesmo na mais doce ilusão
e jamais causa dor
só poetização
Baby Blue tão sublime
a alguém tão simples
que só pode lhe oferecer um punhado de versos
um alguém que só quis encontrar
o verdadeiro amor
e pôde sonhar o mais alto possível
com a garota mais linda do mundo

Carlos Gutierrez

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

TALVEZ

PORQUE TUDO PODE VIRAR PÓ OU POESIA


Talvez 
eu não a veja 
nunca mais
Talvez nem haja tempo
capaz de um encontro fugaz
mas acontece
que você já está tão dentro 
do meu coração
e nele se faz tão sublime
que imprime
um pulsar tão suave
que resvala no eterno

Talvez
eu não a veja
nunca mais no mundo real
repleto de obstáculos
Talvez
eu fique apenas
como uma terna lembrança
um papel que serve de véu
a um poema
que se desmanchou no ar
na suspensão dos aromas
dos seus encantos
e se reduza 
apenas à uma pólen palavra
de quatro letras
imitando um trevo de quatro folhas
quatro letras
antes perdidas
duas vogais
duas consoantes dissonantes
Uma palavra que por mais distante
que for parar
será sempre amor
Uma palavra que sonhou
em seus olhos lindos
pousar
da forma mais pura e verdadeira!

Carlos Gutierrez

  



 





domingo, 16 de setembro de 2012

Amada




  • Ela não precisa falar muito
  • Ela não precisa falar nada
  • Os seus olhos lindos e brilhantes
  • já dizem tudo
  • Ela já vem com Música
  • e emudece todas as outras palavras
  • Ela vem de longe com seus suaves mistérios
  • Vem do céu...das estrelas...
  • de um romãntico meteoro
  • ou vem tão próxima
  • saindo de uma caixa de música
  • e se liberta em todos os sons
  • em todas as notas
  • do corpo da bailarina
  • que agora na decorada caixa musical
  • dorme no mais profundo silencio
  • no mais repousante sono
  • enquanto aguarda um novo sonoro sonho
  • chegar
  • Ela é tão suscinta
  • mas em poucas palavras
  • me acalma
  • eleva a minha alma
  • e depois o silencio hipnotiza
  • Ela é a síntese
  • como o cinema de todas as artes
  • Ela é a dança
    a mágica coreografia
  • quando o meu corpo cansa
  • Ela é a pintura
  • quando os meus olhos balançam
  • de sono ou se fecham em trevas
  • nas pálpebras do abandono
  • ela é  a escultura
  • que solidifica até um sonho
    o cinzel que transforma a pedra bruta
  • ela é a musica
  • a perfeita harmonia
  • a mais linda melodia
  • que conduz os meus versos
  • e arruma as minhas palavras
  • ela é o filme
  • a película
  • que sempre vai ficar em minhas retinas
  • Ela é a poesia do roteiro
  • o enredo perfeito
  • a fotografia que capta toda a magia
  • de uma tela impressionista
  • Ela é toda arte que se reparte em encantos
  • Ela é a trilha mais que sonora
  • mais que sensível
  • a trilha onde brilha
  • o mais lindo poema de amor


    Carlos Gutierrez

sábado, 15 de setembro de 2012

Bob Dylan album sampler: Tempest

On The Road

Entre o movimento e o repouso
recuo ou ouso
dispenso a amnésia da inércia
e acompanho on the road
a estrada estranha

como se fõsse o derradeiro dia da minha vida
Tenho pressa!
e não interessa
o tamanho da ferida
se bater colidir
esfolar machucar
tratarei como românticos hematomas
e prosseguirei sem leis
até que a morte me apanhe
on the road
Idas encontros Espantos
voltas e lamentos
Tudo na vida muda
e perdemos irremediavelmente o rumo
A Estrada nos atraí para um lado
e nos atira na cara
toda sorte de detritos
flocos de asfalto derretidos
lascas de borracha de pneus enfurecidos
precocemente calvos
latas contorcidas de alumínio
com gotas amargas de cerveja
sobreviventes como ácidas lágrimas
testemunhas metálicas de pequenos delitos
O tempo não nos espera
O t empo é sempre uma estrada sobre estrada
que não sabemos reta ou curva
hoje eu preciso correr feito James Dean
para absorver o seu encanto sem fim
e se alguma barreira encontrar
sem pestanejar vou desferir
on the road
um murro no desleixo
do queixo do meu destino
on the road...


Carlos Gutierrez

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Soon After Midnight

Soon After Midnight Bob Dylan
I'm searching for phrases
To sing your praises
I need to tell someoneIt's soon after midnight
And my day as just begun
A gal named HoneyTook my money
She was passing byeIt's soon after midnight
And the moon is in my eye
My heart is cheerfulIt's never fearfulI've been down on the killing floors
I'm in no great hurryI'm not afraid of your fury
I've faced stronger walls than yours
Charlotte's a harlot
Dresses in scarlet
Mary dresses in greenIt's soon after midnight
And I've got a date with the fairy queen
They chirp and they chatter
What does it matter?
They lie and dine in their blood
Two timing slim
Who's every heard of him?
I'll drag his corpse through the mud
It's now or never
More than ever
When i met you id didn't think you doIts soon after midnight
And I don't want nobody but you


Tradução livre




Logo depois da meia-noite

 
Estou procurando por frases

que lembrem frascos
de perfumes e venenos
Para elogiar alguém
Eu preciso dizer antes

que ela vá embora
antes que o aroma se evapora
antes que o veneno não surta 
sicuta nenhum efeito
É logo depois da meia-noite
E que o meu dia começa de verdade

e arremessa sonhos e desejos

Uma garota chamada Mel
Pegou o meu dinheiro
Ela estava passando distraída

flertando com as estrelas e a lua
É logo depois da meia-noite
transferiu para os meus olhos

essas sensações recentes

Meu coração está sempre alegre

jamais se entrega ou se estressa
Nunca sente medo
Eu fui para baixo várias vezes

matando os meus sentimentos
acostumei a assimilar 
decadentes momentos
 
Eu não estou com pressa
Eu não tenho medo da sua fúria
Eu enfrentei paredes mais fortes

do que a sua indiferença e o seu desprezo

Charlotte é uma prostituta
Vestidos em escarlate
Maria a contrasta vestida em verde esmeralda
É logo depois da meia-noite
  eu tenho um encontro com a rainha das fadas

Elas cochicham 

espicham olhares e palavras
O que é que isso importa?
Eles mentem e sugam o meu sangue
Traição Macabra
Quem lhe dão ouvidos?
Eu vou arrastar o meu cadáver no meio da lama

É agora ou nunca
Mais do que nunca

 mais fatal que um tiro na nuca
quando eu a conheci
logo percebi
que faria qualquer coisa
para preservar a meia noite
entre o açoite de sonhos
e o olhar do circular luar

Carlos Gutierrez






domingo, 9 de setembro de 2012

Long And Wasted Years Bob Dylan

Long And Wasted Years

Bob Dylan

It's been such a long long time
Since we loved each other and our hearts were true
One time, for one brief day,
I was the man for you
Last night I heard you talkin' in your sleep
Saying things you shouldn't say,
Oh, baby
You just may have to go to jail someday
Is there a place we can go,
Is there anybody we can see?
Maybe,
It's the same for you as it is for me
I ain't seen my family in twenty years
That ain't easy to understand, they may be dead by now
I lost track of 'em after they lost their land
Shake it up baby, twist and shout
You know what it's all about
What are you doing out there in the sun anyway?
Don't you know, the sun can burn your brains right out
My enemy crashed into the dust
Stopped dead in his tracks and he lost his lust
He was run down hard and he broke apart
He died in shame, he had an iron heart
I wear dark glasses to cover my eyes
There are secrets in em that I can't disguise
Come back baby
If I hurt your feelings, I apologize
Two trains running side by side, forty miles wide
down the eastern line
you don't have to go,
I just came to you because you're a friend of mine
I think that when my back was turned,
The whole world behind me burned
It's been a while,
Since we walked down that long, long aisle
We cried on a cold and frosty morn,
We cried because our souls were torn
So much for tears
So much for these long and wasted years.

Tradução livre

Longos anos  desperdiçados
Bob Dylan

Tem sido um tempo muito longo
Desde que nos amávamos e nossos corações eram sinceros
Uma vez, por um dia, mesmo breve
Eu era um homem para você

com a presunção que atreve ser
 

Ontem à noite eu ouvi você falando em seu sono
Dizendo coisas que você não deve dizer,
Oh, baby
Você só pode ter que ir para a cadeia um dia

denfrentar a cela fria
o silencio das porosas paredes

Existe um lugar que podemos ir,
Há alguém que podemos ver?
Talvez,
É a mesma situação para ambos os lados

as mesmas algemas 
os mesmos cadeados

Eu não vi a minha família durante 20 anos
Isso não é fácil de assimilar, 

eles podem estar mortos  agora
a família pode se tornar uma pesada mobília
Perdi a noção deles as feições e aflições  

depois que eles perderam a suas prósperas terras
  Sacudir agitar e gritar
não vai sensibilizar e apressar qualquer espera
nem toda a sua experiência acumulada

nas trilhas e tralhas da vida  
 o sol de qualquer maneira continuará a brilhar e arder
porque ele pode tanto aquecer
quanto  queimar seu cérebro derreter os seus miolos

 e trocar de esferas 

Meu inimigo caiu no
Parou em suas trilhas e  perdeu a sua luxúria
Ele foi executado com força  

ele se partiu
Ele morreu de vergonha 

enferrujou o seu coração de ferro

Eu uso óculos escuros para cobrir os meus olhos

vermelhos de ódios
e as pálpebras cinzas de solidão
Há segredos dentro deles que eu não posso disfarçar
Volte Baby eu lhe suplico!
Se eu ferir os seus sentimentos 

peço desculpas e me modifico

Dois trens correndo lado a lado 

quarenta quilômetros de largura
abaixo da linha leste
você não tem que ir,
Eu só vim para você

sobre os trilhos do amor e da amizade

Eu acho que quando eu estava de costas,
O mundo inteiro atrás de mim estava em chamas

um incêndio premeditado
Tem sido um tempo implacável
Desde que caminhamos pelo corredor da morte

longo tempo

Choramos em uma manhã fria 

as lágrimas ajudaram a arrefecer os nossos corpos gelados
Choramos porque nossas almas foram arrancadas
Tanto para lágrimas

pântanos de prantos
Tanto para esses longos anos  desperdiçados.



Carlos Gutierrez


sábado, 8 de setembro de 2012

The Tempest

The Tempest (The Siren's Song; The Banshee's Cry)

Bob Dylan

I say!
Why do you grip so hard, that way?
Of what, is there left to be afraid?
Let the waves elope with your empty remains.
They erode your foothold, anyway.

They Mosh
Unaware of their own might
Hypnotizing
Shore-ward swallowing
They storm me, ganging up on me!
Whats become of the home that supported me?
They spit me back after drowning me
Then slip away dragging their fingers behind them.

But you expel the salt sink down lower than the undertow would bring you.
You just dont seem to see how returning to them is so far beneath you.

But then
How come my corpse it rises up?
And it is my soul that has sunk?
Hear!
That sound rings out across the land
Over, the roaring waves through every grain of sand
Is it of loss and pain or made to seduce man?
Listen!
The oohs and aahs of
Funeral spectators
Death admirators
As they bathe in ritual memories and fake tears.
Lifes underrated.
Jaded and hatred
Isolate you so abandon your fears.

And spread my ashes like a bouquet of seeds.
Far up, far out
To show you what Im made of.
Kill the parasite in every co-dependent
Brain fallen slave to pull the waves

The pull of the waves
The natural decay
Of all that is made
Is how redemption is paid

But you expel the salt sink down lower than the undertow would bring you.
You just dont seem to see how returning to them is so far beneath you.

Say, Dickinson, who do you blame for your romantic death wish?
And does it remain true that angry winds feel like a lovers breath?
Thats why you grip so hard.
No!
Its simply condition keeping me locked in!
I could escape if I knew how to swim!
Look feel youre aided
Wind, sun and strangers
have come to guide you so the choice is clear

Well spread your ashes like a bouquet of seeds.
Far up, far out
So show us what youre made of.
Well kill the parasite in every co-dependent
Brain fallen slave to the pull of the waves.

Playfully
Badgering
Casually capturing
To escape the surface chaos is to sink not to swim.

You say
To release the stranglehold keeping me safely beneath.
But, as sea foam rises up
Tickles my lips and sinks inside
Doesnt the choice of future paths become a matter of pride?
When Ive struggled so hard to excel,
Why is it so unappealing to survive?
Tradução Livre

A Tempestade  

Eu questiono
Porque você se apega tanto desse jeito?
O que há nos arredores para que você sinta receio
Deixe as ondas fugirem com as suas redes espumantes
Elas corroem de qualquer forma a terra
deixam nódoas em azulejos
e enferrujam até pensamentos

As ondas batem
Inconscientes de sua própria força
Hipnotizam
Engolem a praia
Elas arrebentam e eu sinto os seus efeitos
quando batem sobre meu peito
ainda não rarefeito de uma dor
O que aconteceu com o mar que me ajudava?
Antes as ondas faziam surfar os meus pensamentos
Hoje elas cospem e repelem após ter-me afogado em lamentos
.E os meus dedos indefesos escorregam-se entre elas
puxando recentes e úmidas lembranças
de bonanças contra tempestades

Mas você expele o sal e afunda mais do que do que seria possível na praia.
se entrega...desmaia e desmancha um castelo de areia em segundos
um castelo que tomou tanto seu tempo e desvelo
Você parece simplesmente não ter a noção
quanda a retorna à praia de quanto ficou submerso
 numa tempestade interior

Porém
eu agora me questiono
Como pode meu corpo se levantar?
E minha alma afundar?
após essa tempestade
Escute!
Esse barulho soa por toda a terra
Além do rugido das ondas por cada grão de areia
Mar com toda a sua profundeza
que seduz tantos seres
tranformando-os em piratas ou aventureiros
que peoduz tantas viagens e perdas
que escondem douradas e cruéis surpresas
tesouros e também dentes e presas de tubarões
Escute!
Os gritos de espanto
a tempestade de lágrimas
dos espectadores do funeral
Admiradores da morte
que enquanto se banham em memórias e falsas lágrimas
Vidas subestimadas
Embotadas e odiadas
Isoladas,
 se livram  dos seus medos das suas vidas inglórias na morte
na ultima tempestade

Agora espalham minhas cinzas como um buquê de sementes.
Pra cima, pra longe
Para lhe mostrar do que eu sou feito.
Até o parasita que habita o meu ser
e também os neurônios escravos do meu cérebro
Cérebro  por onde fogem ideias e conceitos
pelo balanço das ondas.

O puxar das ondas
A decadência natural
De tudo que é feito
A redenção que é ainda é possível resgatar
mesmo após toda a tempestade

Você parece simplesmente não ter a noção
quanda  retorna à praia de quanto ficou submerso
 numa tempestade interior
e expele todo o sal que lhe possa corroer


Esclareça, Dickinson, qual é a culpa do seu romântico desejo de morrer?
E continuar a crer  que os furiosos ventos são  hálitos dos amantes?
É por isso que você se apega tanto.
Não!
Essa simples condição essa minha natureza apaixonada
esse meu aprisionar no desejo de amar
atraí mais tempestades
Eu poderia escapar se eu soubesse como nadar!
Veja e sinta, você é ajudado
Vento, sol e estranhos
olhos esbugalhados de faróis
Vieram para guiar você
então a decisão é clara
você Dickinson é a sua própria tempestade

Bem espalhe suas cinzas como um buquê de sementes.
Para cima, para longe
Então nos mostre do que você é feito
carne ossos músculos nervos
Nós matamos o parasita e todos os  seus dependentes
Montamos o mosaico do seu cérebro feito escravo
 pelo balanço das ondas.
por tanto tempo
e lhe trazemos novas gaivotas
para outras rotas

Brincando
Incomodando
Capturando casualmente
podemos escapar ilesos
da superfície caótica
mesmo nos afundando
no buraco negro do Universo
um verso apenas poderá nós servir de lanterna
dentro da caverna de nós mesmos

Você diz
Para me soltar da prisão que me mantém seguro em baixo.
Mas como o mar se levanta
Faz cócegas em meus lábios e entra por eles
A escolha de caminhos futuros não se torna uma questão de orgulho
se torna uma âncora para sobreviver e sonhar 
Porque apenas sobreviver não torna a vida atrativa
apenas tempestade
ações intempestivas


Carlos Gutierrez
 

 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Desencanto (Brief Encounter) - David Lean

Viver Poeticamente


Eu odeio o dinheiro

odeio o consumo

o trânsito inteiro

as garras do volante

e dos engarrafamentos

nem sei dirigir

Eu vivo poeticamente

- pés na terra,cabeça nas nuvens -

Eu procuro a Arte

em todo o tempo

em toda parte.

Eu odeio o vil metal

as poses e posses

os rótulos e rodeios

a encenação inteira

não sei mentir!

Eu não preciso de tanto dinheiro

de tanto conforto

eu sou o meu próprio porto

para o meu navio de sonhos

Eu vivo o meu próprio abandono!

Eu vivo poeticamente...

carrego milhares de músicas em meus ouvidos

milhões de poemas em minha mente

milhares de paisagens em meus olhos

milhões de beijos em minha boca!

milhares de asas em meus sonhos!

milhares de pétalas entre os meus dentes!...

A flor só cobra o carinho da minha mão

com os dedos obedientes.

Eu vivo poeticamente
porque eu só carrego tu em meu pensamento
um choque adolescente
que me faz renascerE isto me basta
afasta a negra realidade de Gothan City
e me enche os bolsos morcegos de balas de encanto,
molha o meu lenço de gotas de amor
e, quando o passo em minha testa,
sinto toda a festa que é só real,
quando eu te encontro!
Me sinto Coringa prá satisfazer teus desejos.
Eu vivo poeticamente...e pronto!
Sempre pronto para te amar


Carlos Gutierrez

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Discordância

''Então hoje eu vou discordar de Pessoa
e achar que nem todas cartas de amor são ridículas
as que eu escrevo são lindas
o papel é de linho
a cor da tinta é violeta
e os olhos que irão lê-las
são extremamentes brilhantes
hoje eu vou discordar de Pessoa
e declarar que uma carta de amor
não é algo a toa que voa ao léu
ela é uma confissão muda
de um sentimento súblime que clama
no coração''


Carlos Gutierrez

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Fátima Guedes - Desacostumei de Carinho

Sem Assuntos

Sem assuntos sem assuntos
morremos abraçados juntos
Já lemos tantos livros
já vimos tantos filmes
e ouvimos tantas músicas
muitas trocas e pontos de vistas e de fugas
mas parece que agora estamos cansados
um do outro
ou de nós mesmos
e levamos nossos silencios aos extremos
ficamos sem assuntos sem assuntos
esgotou-se a fonte
das águas límpidas
e dos pingos ressentidos de murmúrios
acabaram-se as pedras para lançarmos
no lago dos nossos desejos
que não são tão fortes e hoje pouco claros
perdemos o faro de novos aromas
e a paciência de criarmos novos jardins
Sem assuntos sem assuntos
todas as estórias têm os seus fins
uns trágicos outros mágicos
alguns imprevisíveis
outros tão banais...
e a vida prossegue tão estranha...


Carlos Gutierrez

sábado, 1 de setembro de 2012

Perdidos na Noite

Perdidos na noite estamos
perdidos em seu fascínio
Perdidos na noite vamos
movidos em delírios
entre colírios e martírios
perdidos na noite somos
seres corujas
entre fugas e encontros
somos estrelas sujas
tentando brilhar
Perdidos na noite estamos
em ruas becos e avenidas
que parecem abismos
John cavalga sem cavalo
Rico arrasta os seus pés
e eu levito em um sonho de amor
Perdidos na noite vamos
em busca de sonhos concretos
desejos indiscretos
no fundo todos somos poetas
com muitas palavras e silêncios
há um certo encanto nisso
revirar as latas de lixo
unir o sublime ao promíscuo
adaptar-se ao que a vida nos oferece
John personifica o eterno cowboy
um eterno garanhão
Ratzo veste todas as dores do mundo
e mesmo trôpego caminha
enquanto eu movido 
aos ventos de um devaneio
fico no meio entre os dois
nem antes nem depois
durante enquanto a noite
se faz o gás de um tambor
prestes a explodir


Carlos Gutierrez